Edição de 21 de setembro de 2017
Correios iniciam nova greve Federação nacional da categoria reivindica reajustes salariais de 8% e diz que governo ainda não se pronunciou sobre o assunto
Os trabalhadores dos Correios entraram em greve na noite da última terça-feira, com adesão de 28 dos 31 sindicatos vinculados à Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect). É a segunda greve realizada este ano. Os estados que não aderiram ao movimento (Acre, Rondônia e Roraima) têm assembleias previstas até hoje e a perspectiva é que eles participem da paralisação. De acordo com os Correios, a paralisação é parcial e não afeta os serviços da empresa. “Até o momento, todas as agências, inclusive nas regiões que aderiram ao movimento paredista, estão abertas e todos os serviços estão disponíveis”, disse, em nota, a empresa.
Nos locais onde houve paralisação, a empresa já colocou em prática o Plano de Continuidade de Negócios, de forma a “minimizar os impactos à população”. Ainda por meio de nota, os Correios informam que a greve está concentrada na área de distribuição e que um levantamento parcial feito na manhã de ontem indicou que 93,17% do efetivo total da empresa está presente e trabalhando. O que, segundo os Correios, corresponde a 101.161 empregados.
O processo de negociação entre empresa e trabalhadores já tem cerca de 50 dias, segundo a Fentect, que reivindica reajustes salariais de 8%. “Até agora a empresa não apresentou nenhuma proposta no âmbito econômico. O único retorno que temos está relacionado à retirada de direitos como assistência médica, indenizações por acidente de trabalho e suspensão de férias”, disse à reportagem a diretora de Comunicação da Fentect, Suzy Cristiny. Ela esclareceu que a empresa só está autorizando as férias quando está perto de elas se tornarem compulsórias, “em geral no 23º mês trabalhado”.
Foi aventada a possibilidade de instaurar um banco de horas. A jornada poderia variar conforme a demanda de trabalho. A proposta desagrada aos trabalhadores “porque, além de resultar no não pagamento de horas extras, provocará situações como a dispensa de trabalhadores em horários de menor movimentação”, avaliou Suzy. A empresa nega ter proposto o corte dos benefícios e disse que o que está em jogo é um processo de negociação. De acordo com a assessoria de imprensa, os Correios apresentaram uma proposta de manter o último acordo coletivo vigente até o final do ano. A data-base é de agosto mas, como é nesse período que as do acordo coletivo se acentuam, não caberia, segundo a empresa, qualquer tipo de paralisação até se esgotar a prorrogação. (Agência Brasil)
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Privatizar fica agora mais fácil
A Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares avalia que o prolongamento das negociações pode favorecer a privatização da empresa. “Querem favorecer a paralisação para jogar a população contra os trabalhadores dos Correios, por conta da piora do serviço. Querem criar um cenário favorável à privatização da estatal”, disse a diretora de Comunicação da federação, Suzy Cristiny.
A estatal tem alegado prejuízos financeiros (de R$ 2,1 bilhões em 2015 e de R$ 2 bilhões no ano passado) para promover ajustes. No ano passado, foi anunciado um plano de demissão voluntária e o fechamento de agências para reduzir gastos. O governo estuda mudanças no modelo de negócios da empresa, que podem envolver a privatização, abertura de capital ou manutenção do sistema atual, mas com quebra de monopólio. (ABr)
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